sábado, 18 de dezembro de 2010

Ficar de mau humor por muito tempo é sinal de doença

A fama de chato, mal-humorado ou reclamão pode indicar mais do que um aspecto de comportamento, são sintomas de uma doença cada vez mais estudada por psiquiatras: a distimia.
Mais conhecida como a doença do mau humor, a medicina a classifica como um transtorno com sintomas muito parecidos com os da depressão, só que mais prolongados.
O distímico geralmente é aquela pessoa que vive mal humorada, reclamando da vida, sempre com uma postura muito pessimista e crítica sobre tudo. É comum ela ter picos de irritabilidade, tristeza, desânimo e uma falta de energia fora do normal, explica o psiquiatra Taki Cordás, do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), autor de um livro sobre o assunto.
O comportamento arredio do distímico tende a aumentar com o tempo, já que seu mau humor afasta as pessoas, tornando-o um ser isolado e cada vez mais negativo.
- A distimia é uma depressão crônica e pode ser muito precoce. As pessoas confundem com personalidade depressiva, quando na verdade não é um transtorno de personalidade. Ela está atrelada a vida, não a situações de momento.
Não se sabe ao certo o que a desencadeia a doença. Ela pode ter início na infância ou na adolescência, como boa parte dos quadros psiquiátricos, e se agravar na idade adulta. Mas não deve ser confundida com sensações de mau humor repentinas, que são baseadas em situações, reforça o especialista. A doença tende a acometer mais as mulheres, que também sofrem mais de depressão do que os homens, mas não há números que comprovem.
Para se chegar a esse diagnóstico, a pessoa deve ser avaliada por um psiquiatra, pois assim como na depressão, não é possível detectá-lo por meio de exames.
Em anos de estudos, os médicos descobriram um parentesco entre as duas doenças, desde genética similar, alterações de sono, tristeza e apatia, com a diferença de o distímico sofrer por mais tempo com os sintomas.
O que diferencia as doenças de fato são a gravidade desses sintomas e o tempo em que eles persistem na vida do doente, explica o psiquiatra Raphael Boechat, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da UnB (Universidade de Brasília).
- A depressão vem de forma mais rápida, brava, pode ter ápice suicida, enquanto a distimia tem sintomas mais leves e é uma doença menos incapacitante do que a depressão.
Diante das semelhanças entre distimia e depressão, a medicina concluiu que boa parte dos mau humorados crônicos podem se beneficiar do tratamento dado aos depressivos. Após a confirmação do diagnóstico, o distímico deve ser tratado com remédios antidepressivos aliados a sessões de psicoterapia por um longo período de tempo, informa Boechat.
- O remédio traz mudanças cerebrais que podem ser duradouras, ensinando o cérebro a funcionar corretamente. Já a psicoterapia dá suporte para o paciente perceber que por sempre estar de mau humor, age com as pessoas dessa maneira e elas retribuem de forma ruim. Isso é um círculo vicioso.
A maior dificuldade nessa jornada pela cura, no entanto, é garantir a adesão ao tratamento. Como o paciente vive anos dessa maneira, dificilmente se acha doente e não procura um especialista. Seu perfil apático e cínico também não ajuda, já que tende a não acreditar nessa possibilidade, explica Cordás.
- Quem tem distimia não sabe identificar se está melhor, porque não tem muito registro do que é viver com prazer. Ele começa a lidar com as situações que nunca lhe pareceram importantes e pode demorar para começar a entendê-las.
Fonte : R7

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